domingo, 15 de setembro de 2013

ISTOÉ REVELA CONTA DE R$ 64 MILHÕES DO PSDB NA SUÍÇA

Ela se chama "Marília" e foi aberta no Leumi Private Bank, em Genebra; por ela transitaram cerca de R$ 64 milhões das propinas que azeitaram os negócios da Siemens e da Alstom no Brasil; a conta foi também movimentada por homens da cozinha dos governos de Mario Covas, em São Paulo, e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; documentos já estão em poder do Ministério da Justiça e parte dos recursos foi bloqueada por autoridades suíças; e agora: será que tucanos serão denunciados pelo Ministério Público?

23 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 21:41

247 - Uma conta bancária na Suíça, conhecida como "Marília", foi usada para movimentar as propinas que azeitaram os negócios da Siemens e da Alstom com governos do PSDB, em São Paulo. Por ela, transitaram cerca de R$ 64 milhões em propinas e os recursos foram gerenciados por homens da cozinha dos governos de Mario Covas, em São Paulo, e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Este é o tema de uma reportagem bombástica da revista Istoé, que acaba de chegar às bancas. Até agora, o procurador Rodrigo de Grandis reluta em denunciar tucanos indiciados pela Polícia Federal (leia aqui). Será que vai manter a conduta?

Leia abaixo a reportagem de Istoé:

A conta secreta do propinoduto

Documentos vindos da Suíça revelam que conta conhecida como "Marília", aberta no Multi Commercial Bank, em Genebra, movimentou somas milionárias para subornar homens públicos e conseguir vantagens para as empresas Siemens e Alstom nos governos do PSDB paulista


Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura

Na edição da semana passada, ISTOÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista.


Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por ISTOÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.

Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã.

O lobista Arthur Teixeira personifica o elo entre os esquemas Alstom e Siemens. Como ISTOÉ já revelou numa série de reportagens recentes, com base nas investigações em curso, Teixeira e seu irmão Sérgio (já falecido) foram responsáveis por abrir as empresas Procint e Constech, além das offshores Leraway Consulting e Gantown Consulting, no Uruguai, com o único objetivo de servir de ponte ao pagamento de comissões a servidores públicos e a políticos do PSDB. Teixeira tinha acesso privilegiado ao secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e ao diretor de Operação e Manutenção da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), José Luiz Lavorente, o encarregado da distribuição em mãos da propina.

Até 2003 conhecido como Multi Commercial Bank, depois Safdié e, a partir de 2012, Leumi Private Bank AG, a instituição bancária tem um histórico de parcerias com governos tucanos. Em investigações anteriores, o MP já havia descoberto uma outra conta bancária nesse banco em nome de Villas Boas e de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Apesar de estar fora da administração paulista numa das épocas do pagamento de propina, Fagali manteria, segundo a Polícia Federal, ascendência e contatos no governo paulista. Por isso, foi indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali Neto também é irmão de José Jorge Fagali, que presidiu o Metrô na gestão de José Serra. José Jorge é acusado pelo MP e pelo Tribunal de Contas Estadual de fraudar licitações e assinar contratos superfaturados à frente do Metrô.


Para os investigadores, a “conta Marília” era usada para gerenciar recursos
de outras contas destinadas a abastecer empresas e fundações de fachada


Para os investigadores, a “conta Marília” funcionaria como uma espécie de “conta master”, usada para gerenciar recursos de outras que, por sua vez, abasteceram empresas e fundações de fachada, como Hexagon Technical Company, Woler Consultants, Andros Management, Janus, Taltos, Splendore Associados, além da já conhecida MCA Uruguay e das fundações Lenobrig, Nilton e Andros. O MP chegou a pedir, sem sucesso, às autoridades suíças e francesas o arresto de bens e o bloqueio das contas das pessoas físicas e jurídicas citadas. Os pedidos de bloqueio foram reiterados pelo DRCI, mas não foram atendidos. Os investigados recorreram ao STJ para evitar ações similares no Brasil.

O MP já havia revelado a existência das contas Orange (Laranja) Internacional, operada pelo MTB Bank de Nova York, e Kisser (Beijoqueiro) Investment, no banco Audi de Luxemburgo. Ou seja, “Marília” é mais um nome próprio no dicionário da corrupção tucana. Sabe-se ainda que o cartel operado pelas empresas Siemens e Alstom, em companhia de empreiteiras e consultorias, usava e-mails cifrados (leia quadro).

RELAÇÃO COM FHC
Um dos beneficiários da propina oriunda da Suíça, Geraldo Villas Boas
mantinha uma conta conjunta com Jorge Fagali Neto, ex-diretor de projetos do
Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão de Fernando Henrique Cardoso


Os novos dados obtidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça dão combustível para o aprofundamento das investigações no Brasil. Além do processo administrativo aberto pelo Cade sobre denúncia de formação de cartel nas licitações de São Paulo e do Distrito Federal, outras duas ações sigilosas, uma na 6ª Vara Federal Criminal e outra na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, apuram crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. Além de altos funcionários do Metrô, como os já citados Lavorente e Fagali, as investigações apuram a participação do ex-secretário de Energia e vereador Andrea Matarazzo, em razão de contratos celebrados entre a Companhia de Energia de São Paulo (CESPE) e a Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica S.A. (EPTE).

Na documentação encaminhada pelo DRCI ao MP de São Paulo, a pedido do promotor Silvio Marques, também constam novos dados bancários de vários executivos franceses, alemães e brasileiros que tiveram algum tipo de participação no esquema de propinas. São eles os franceses Michel Louis Mignot, Yves Barbier de La Serre, André Raymond Louis Botto, Patrick Ernest Morancy, Jean Pierre Antoine Courtadon e Jean Marcel Jackie Lannelongue e os brasileiros José Amaro Pinto Ramos, Sabino Indelicato e Luci Lopes Indelicato, além do alemão Oskar Holenwger, que operou em toda a América Latina. Na Venezuela, Holenwger é citado junto a Mignot, La Serre, Morancy e Botto em investigação sobre lavagem de dinheiro, apropriação indébita qualificada, falsificação de documentos e suposta corrupção de funcionários públicos do setor de energia.

O apoio das autoridades de França e Suíça às investigações brasileiras não tem sido tão fácil, e a cooperação é mais recente do que se pensava. O Ministério da Justiça chegou a pedir o compartilhamento de informações ainda em 2008 – auge da investigação da Siemens e da Alstom. Mas não foi atendido. Os franceses lembraram que, nos termos do acordo bilateral, a cooperação só pode se desenrolar por via judicial. Dessa forma, foi necessário notificar o Ministério Público Federal para que oficiasse junto à 6ª Vara Criminal Federal e à 13ª Vara da Fazenda Pública. O compartilhamento só foi efetivado em dezembro de 2010.

A Suíça, ainda em março de 2010, solicitou a cooperação brasileira na apuração das denúncias lá, uma vez que parte do dinheiro envolvido nas transações criminosas teria sido depositada em bancos suíços. Os primeiros dados, relativos à empresa MCA e ao Banco Audi de Luxemburgo, chegaram ao Brasil em julho de 2011. Foram solicitadas ainda oitivas com determinadas testemunhas, o que foi encaminhado ao MPF em São Paulo e à Procuradoria Geral da República (PGR). Paralelamente, a Polícia Federal abriu o inquérito nº 0006881-06.2010.403.6181, mas só no último dia 25 de julho o procurador suíço enviou às autoridades os dados bancários solicitados, por meio de uma decisão denominada “conclusive decrees”, proferida em 14 e 24 de junho. Foi com base nisso que a Suíça já bloqueou cerca de 7,5 milhões de euros que estavam na conta conjunta de Fagali e Villas Boas, no Safdié. Tratou-se de uma decisão unilateral suíça e a cifra não é oficial – foi fornecida ao Ministério da Justiça por fonte informal. A Suíça só permite o uso dos dados enviados em procedimentos criminais.

http://www.brasil247.com/

COMENTÁRIOS

286 comentários em "Istoé revela conta de R$ 64 milhões do PSDB na Suíça"

Os comentários aqui postados expressam a opinião
dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

Mineiro 14.09.2013 às 17:31
fico pasmo de ver anencéfalos defenderem partido. psdb roubou dizem, o idiotizado global responde, mas o pt roubou mais, muito mais, cara na boa, nem posso imaginar como conseguem ser tão desgraçadamente manipulados dessa maneira, tanto o pt quando o psdb são ladrões, não são partidos politicos, são QUADRILHAS, e quem defende criminoso, É TÃO BANDIDO QUANTO. incorre no mesmo crime. portanto todos os que aqui defendem algum destes partidos políticos são BANDIDOS. vagabundos, assassinos, ladrões, estelionatários, corruptos, entenderam ou vou ter de desenhar?????

    Maria jose de a costa 14.09.2013 às 14:12
    Acredito que haja muita roubalheira pra todo lado, mas onde estão esses documentos que comprovam esses depósitos? Comprei a Istoé para ler a reportagem sobre 'OS HOMENS DO CARTEL', mas não mostravam nada, só informava os nomes de quem estava no comando na ocasião. Isto todo mundo já sabia. Se existem esses tais documentos, nas mãos da Justiça, eles vão aparecer. Ou os Tucanos roubam melhor que os Petistas?
    Filipi camargo Morais, Rosa elaine 14.09.2013 às 13:35
    Olha ai os tucanos.
AnaDias 13.09.2013 às 15:57
Na política brasileira ninguém salva, se entrou para o poder público é porque tem más intenções, estes FHC, que bate no peito toda hora e fala mal de todo mundo senta no rabo, e mete a lenha nos outros , é tão sujo quanto........Só dá ladrão, bandidos sem vergonha, discarados, safados cafagestes, assassinos, isto porque quando o nosso dinheiro roubado faz falta para comprar remédios e tantos outros recursos que faltam para a população carente de tudo , o povo morre todo dia de fome e sede,. no governo do FHC . os nordetinos comiam ratos , tal era a misíria humana da época, precisa falar mais?

    BATATA OBAMA 11.09.2013 às 23:29
    E segundo o STF o maior ladrão do país é o José Genoíno,que mora a vinte anos numa casa financiada pelo BNH
    CESAR FREITAS 11.09.2013 às 19:41
    Simon Lino, seu comentário acima de qualqeur coisa, é muito engraçado...kkkkkkkkkkkkkkk !!!!! ééééééééééééé´TUCANADA....o gato está subindo no telhado...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk !!!!!!!!!!

    paulo aguiloche 11.09.2013 às 19:24
    São todos corruptos, tudo farinha do mesmo saco,um se defende acusando o outro. o povo é apenas um detalhe. Vergonha Nacional.edilson galdino vilela de souza 11.09.2013 às 07:51
    Diante das reais conduras criminosas do gangster FERNANDO HENEIQUE CARDOSO ... isto é grave, mas isignificante, veja: http://www.conjur.com.br/2003-set-02/arminio_fraga_afirma_bc_nao_fiscaliza_empresa

    Skianti 11.09.2013 às 06:59
    Fico impressionado com os defensores do PSDB. Existem 2 tipos: o malandro que mama na teta quando o partido ta no poder e ai é tão marginal quanto. 2 é otário mesmo. Aquele idiota útil, cunhado na mídia alienante. Ai o problema é educacional. Não conseguem fazer uma análise social, política e econômica do pais. O partido passa para ser tratado como um time de futebol. Era povo bunda!
    Eridan 10.09.2013 às 22:45
    Eu dou verdadeiras gargalhadas vendo a trupe ligada ao PSDB tentando, em vão, desqualificar os fatos. Das duas uma: ou estão sob o poder de alguma feitiçaria tucana, e isso explica os seus argumentos "zumbis"; ou fazem parte do cartel. Simples assim.
    veja mais comentários :
    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/112701/?fb_action_ids=551922731528451&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22551922731528451%22%3A410875882357289%7D&action_type_map=%7B%22551922731528451%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D

Nenhum comentário:

Postar um comentário