O deputado e ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP)
– condenado a 9 anos e 4 meses no processo do mensalão por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato, falou que os réus deste processo já estão condenados desde 2005.
"Nós estamos na berlinda desde 2005. Então, já estamos todos condenados", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado, que não foi beneficiado pela decisão do Supremo Tribunal Federal de julgar novamente parte dos crimes do mensalão.
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Hoje estudante de Direito, Cunha desafiou o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, a deixá-lo responder pessoalmente às acusações do mensalão. "Se ele quer disputar a opinião pública, que entre num partido e dispute eleição. Ele não pode ficar, da cadeira de presidente do Supremo, falando bobagem", afirmou. Correndo risco de ir parar na prisão pelos crimes cometidos, o deputado afirma que não tem medo de que isso aconteça e planeja seu futuro dando aulas ou trabalhando no Grêmio Esportivo Osasco, cidade onde mora. "Se eu puder aparar grama, pintar arquibancada e arrumar o campo, vou ficar feliz", falou.
Mas enquanto isso não acontece, João Paulo Cunha aproveita para falar mal do julgamento do STF que, segundo ele, “entrará para a lista de mais um erro do Judiciário”. Ainda exercendo seu mandato na Câmara, ele promete não renunciar, mesmo se a condenação for mantida. “Confio (que não serei cassado). Os companheiros da Câmara, principalmente os que foram deputados quando fui presidente, me conhecem. Sabem que os contratos da Câmara estão na internet porque eu coloquei. Não vou mentir, não vou enganar ninguém”, disse à publicação.
Caso seja confirmada a sentença, Cunha disse ainda que entrará com revisão criminal em várias instâncias, da Corte Americana, aos órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
O Supremo Tribunal Federal (STF) começa, neste mês, a analisar os embargos de declaração de 25 condenados no julgamento do mensalão, iniciado em 2012. Veja o que pedem a defesa dos réus nos embargos de declaração:
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
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